sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Filme – Midnight in Paris (2011)


Imaginação versus drama real é o tema abordado no filme Meia-noite em Paris (2011).
A agradável obra de Woody Allen retrata um conflito entre o mundo real e o mundo imaginário. No lado real estão presentes os convencionais papeis humanos – noivos, sogros, sogras –, passeios, viagens turísticas, conhecimento teórico, nenhum envolvimento emocional a respeito da história, valorização do bem material e do status. Enquanto que, no lado imaginário (Belle Époque) encontram-se personagens idealizadores, questionadores, incomuns, instigantes, repleto de significados, ambiente sem censuras e natural.
A dúvida plantada nos personagens ‘’reais’’ do filme é a mesma que fica para nós, expectadores: Afinal de contas, era apenas imaginação?
Penso que o filme retrata sim a imaginação e mais especificamente a Projeção do personagem Gil (Owen Wilson) – onde desde o início mostrou o seu desconforto consigo e com a situação que escolheu. Por isso, os acontecimentos em que se envolveu só o puxaram para as indagações que lhe incomodavam, fossem nas conversas imaginárias, quanto nas reais.
E se foi imaginação ou não, o fato é que foi um fato decisório para a escolha final do personagem.
Na ânsia de escrever uma história que impressionasse a humanidade, Gil buscou respostas através de uma tentativa desesperada de fugir da realidade. Porém, isso o fez se deparar mais ainda com suas Projeções.
Projeção para a Psicologia, especificamente para a Psicanálise - Consiste em atribuir ao outro um desejo próprio, ou atribuir a alguém, algo que justifique a própria ação.
Durante a história Gil se deparou com diversos personagens que lhe agregaram algum sentido e que o fizeram se desenvolver para então poder refletir isso em seus romances – afinal de contas – “Não existe uma história ruim, se o conteúdo for verdadeiro”. Dentre os personagens projetados, apareceram artistas renomados como Salvador Dalí, Toulouse Lautrec, Enest Hemighay, Zelda e Scott Fitzgerald, Pablo Picaso, Gertrude Stein, Cole Porter, Henri Matisse e Luis Buñel.
A história é muito rica e gostosa de ver, portanto não tenho como propósito abordar todas as cenas do filme, mas sim partes que me chamaram a atenção como estas abaixo:
- Um dos aspectos tratados em uma de suas projeções foi o medo da morte. Ao se deparar com os 2 primeiros personagens imaginários, Gil encontrou uma resposta surpreendente que lhe ensinou como aliviar este medo. O segredo estava na paixão. Descobriu que a sensação de sentir-se apaixonado e deixar ser consumido pelo ato, faz a morte nada significar. (Eros)
- Entre tantas outras projeções que apareceram no filme, achei interessantíssimo o momento que Gil deparou-se com o seu lado feminino – sua Anima (imagem da alma feminina) – personagem Adriana, que lhe mostrou um lado de paixões incontroláveis, ilimitadas, feminilidade, jeito único, sonhador, encantador e ao mesmo tempo simples. Porém, ficou clara a aparição da Anima, pois ela o incorporou significativamente, mesmo sem ser fisicamente. E no fim, ela permaneceu no plano ideal da Paris dos anos 20.
- O filme encerra com o personagem Gil sentado sozinho, com um copo de cerveja, em meio a linda Paris do século XXI, deparado com a sua realidade após uma longa viagem em si mesmo. Essa cena me lembrou um pensamento de Schopenhauer do qual diz que ”a felicidade é a ausência de sofrimento”.

E como não dizer que esta obra se trata de uma pura Projeção do próprio autor Woody Allen?

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