A minha nova proposta para a próxima série deste blog é trazer aspectos sobre a psique feminina.
Infelizmente, no Ocidente muitas discussões sobre esse tema não são atrativas, simplesmente por não terem espaço para existir. Que tal quebrarmos este tabu e olhar a existência feminina por outro ângulo?
O texto abaixo é de Rosane Volpatto:
A negligência do aspecto interior tem levado,
particularmente as mulheres, a certa falsificação de seus valores existenciais.
Hoje em dia, o sucesso ou o fracasso da vida de uma mulher não é mais julgado
como antigamente pelo critério exclusivo do casamento. A sua adaptação à vida
agora, pode ser feita de diversas maneiras, cada uma das quais, oferecendo
alguma oportunidade para resolver problemas, sejam de trabalho, de relações
sociais ou necessidades emocionais.
O maior problema, observado em nossos dias é que no mundo
ocidental se dá ênfase especial aos valores externos e isso tem a justa medida à
natureza do homem e não da mulher. O espírito feminino é mais subjetivo, mais
relacionado com sentimentos do que com leis ou princípios externos, o que acaba
regando conflitos. E a resultante destes conflitos é usualmente mais
devastadora para as mulheres do que para os homens.
O despertar das deusas interiores, se faz importante,
particularmente para as mulheres, mas não esqueçam os homens que este caráter
feminino também lhes é peculiar (anima). A maior razão da seriedade deste tema,
refere-se ao recente desenvolvimento do lado masculino da mulher (animus), que
tem sido uma característica marcante nestes últimos anos. Este desenvolvimento
masculino, está associado às exigências do mundo dos negócios e é até
considerado pré-requisito para se ganhar a vida neste mercado tão competitivo.
Mas esta mudança, de caráter benéfico na vida profissional das mulheres têm
causado alterações profundas na sua relação consigo mesma e com os outros. Este
conflito interno estabelecido entre a necessidade de expressa-se através do
trabalho como o homem faz e a necessidade interior de viver de acordo com a sua
natureza feminina, entraram em "xeque-mate".
Se as mulheres (homens também) pretendem ter contato com
seu lado feminino perdido, precisa m escolher um caminho que as fará despertar
estas deusas adormecidas. Estes mitos e rituais de religiões antigos
representam a projeção ingênua de realidades psicológicas. Não são deturpadas
pela racionalização, porque em assuntos ligados ao reino do espírito, os povos
primitivos e da antiguidade não pensavam, eles somente percebiam, sentiam e
intuíam, como de fato ainda fazemos hoje. Consequentemente, estes produtos do
inconsciente contêm um material psicológico dos mais puros e que pode ser
reunido como formas de conhecimento acerca da realidade subjacente à vida do
grupo, tornando-se assim, acessíveis a nós. Pois saibam todos, que quer queiram
o não, nós somos geneticamente iguaizinhos aos nossos antepassados.
Jung demonstrou que deuses e rituais representavam a
fantasia do grupo e que esse material é interpretado psicologicamente por um
método similar ao empregado no estudo dos produtos inconscientes de homens e
mulheres a nível individual. E o que se constata, através da história é que mitos e rituais se equivalem, até em detalhes, em culturas
de povos bastante separados. Nos levando a concluir, que temas psicológicos
gerais são verdadeiros para humanidade como um todo. E, de fato, hoje em dia os
sonhos e fantasias das pessoas mostram um caráter generalizado similar,
lembrando mitos antigos e primitivos.