Filme simplesmente fantástico! Há
tempos eu não compartilhava uma análise, mas esse trouxe o desejo de registro. Trazendo
a mensagem mais simples e mais complexa da vida, que é a do amor, este enredo
me despertou emoções.
Com o tema do amor tão presente nos
últimos dias permeando o inconsciente coletivo, vejo esse momento como uma sincronicidade,
um presente do Universo.
A história do filme se inicia com uma comunidade
que foi construída depois de uma ruína. E hoje todos na comunidade vivem com
uma vida em perfeita harmonia, sem desigualdades, medo, dor ou inveja! Nessa comunidade
habitam diversos seres humanos, cujas famílias vivem em iguais condições, seja
de saúde, educação e comportamento. Sim, isso mesmo.... Comportamento! No
filme, foi encontrada uma maneira de manipular os seres humanos, de forma que
nenhum precise sentir o desconforto da dor, da doença, do sofrimento. Afinal de
contas, em sã consciência é o que todos nós buscamos.
Todos os dias pela manhã, os
seres humanos dessa comunidade recebem uma injeção, que segundo a “governança”
do local, chamada de Os Anciãos, é feita para manter a saúde. Na verdade, a
injeção reprime os instintos, os sonhos, e ao meu ver, serve como um bloqueio ao
inconsciente.
Na comunidade também existem
regras de convivência, como por exemplo não mentir, não ter contato físico com
outro ser humano em público, usar somente as roupas designadas e obedecer ao
toque de recolher.
Gosto de interpretar uma história
pensando que ela compõe os nossos próprios personagens internos. Ou seja, Os
Anciãos nada mais são que o Ego doente, contaminado por exigências sociais da
perfeição, em uma eterna dança com a sua Sombra. Os Anciãos controlam e
acompanham a vida de cada indivíduo da comunidade.
Há anos a comunidade funciona bem
nesse modelo, porém, surge um rapaz, chamado Jonas, capaz de captar uma sensibilidade
única, que é a de sentir a emoção como um ser humano normal. Ao fazer algumas
viagens pelas memórias humanas, ele consegue vivenciar as aventuras da vida, o
prazer de ver as cores, sentir o vento, a neve, o gosto de um beijo, o abraço, a
guerra, a morte, a dor. Essas viagens são realizadas com a ajuda de um homem
sábio, mais velho, que o conduz.
O filme nos possibilita entrar em
contato com algumas imagens arquetípicas como:
- Herói – Jonas, recebedor das
memórias
- Velho sábio – doador das
memórias
- Amante – Fiona, projeção de
amor do Jonas
- Inocente – bebê Gabriel
- Governante e criador – Elder,
chefe dos Anciãos
Além das figuras arquetípicas,
esse filme traz a transformação alquímica, pois inicia a história toda nas
cores preta e branca, pois na comunidade não há cores, para não existir desigualdade.
Quando Jonas inicia o treinamento de resgatar as memórias dos sentimentos
humanos, a primeira transformação que ele passa, é a de enxergar as cores,
sendo a vermelha a primeira delas. O vermelho dentro das fases da transformação
alquímica, representa a rubedo, o quarto e último estágio da alquimia. Significando
a Iluminação.
Dentre muitos ensinamentos da
história, alguns me chamaram a atenção como quando o sábio explica para o herói
que ter fé, é enxergar além. Só quem
tem fé, ama. Só quem fé, tem esperança. Isso lembra muito o nosso querido Dom
Quixote, sonhador, que nos diz que loucura é nos limitar em ver a vida como ela
é, e não como ela deveria ser.
O filme traz de uma forma singela
o segredo da humanidade, o cálice do Santo Graal, o troféu do herói... Aquilo
que buscamos o tempo todo e está dentro de nós. Somente com a descoberta do
sagrado que habita em nós mesmos, é que nos libertamos.
O amor também é acompanhado da
dor, é inevitável.
Muitas vezes a vida nos traz
tanto sofrimento que deixamos de lado o amar, e permanecemos em nossas
comunidades egoicas, falsamente protegidas. Lembrando aqui, que amar é cada atitude,
cada olhar, cada cuidado que temos conosco e com os outros. Amar é poder
escolher.
Parafraseando o filme: Quando não há memórias, a liberdade é
apenas uma ilusão.
Não vou entrar em detalhes sobre
o final do filme, deixando apenas a bela impressão que tive. Afinal, nessa
vida, o mais importante não é o destino final, mas sim o percurso.
Fecho o post, com a seguinte provocação:
Quais são as
verdadeiras memórias que compõe a sua história? Qual é o seu legado?
Lindo!! Fiquei tentada, vou assistir :-)
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