É possível compreender a realidade sem reproduzi-la na fantasia?
Hoje foi um dia em que tive algumas reflexões acerca dos comportamentos da humanidade. A impressão que tive foi a de que, na ânsia de chegar (ou pelo menos sentir que chegará) o mais próximo da perfeição, o ser humano se perde cada vez mais em suas fantasias.
Estava lendo a revista Época desta semana, quando me deparei com uma matéria sobre um site chamado Ashley Madison. Neste site, para se cadastrar, você deve ser casado ou ser comprometido com outra pessoa. Isso mesmo, a idéia que se vende no site é a traição.
- Neste momento, vou tratar no blog à traição do senso comum (quem sabe nos próximos posts falarei mais sobre o assunto). –
A matéria termina dizendo que o site jamais incentivaria o ser humano a fazer outra coisa se não aquilo que ele já tem uma predisposição a fazer.
E aí eu comecei a me perguntar... Se eu tenho uma predisposição a comer um doce (e como tenho), não fico com mais vontade vendo aquela propaganda com chocolates deliciosos? Se estou com sede e vejo aquela propagando com uma água geladinha, etc. etc. Agora, mais afundo... Qual o ser humano que não tem essa predisposição? Afinal, somos filhos de uma natureza instintiva domados por uma moral social, essencial e histórica. Que pelo o que vejo hoje, está se perdendo na falta de limites e bom senso. Todos os seres humanos têm a predisposição para satisfazer as necessidades básicas, entre elas a fantasia sexual (independente se a nomenclatura vier como traição). O que se trata aqui é de necessidade básica, o sexo. A procriação e o instinto de preservar a espécie. Assim como outros sites que também trabalham com os desejos inconscientes e as satisfações básicas humanas (de ser aceito, reconhecido, notado).
Aqui deixamos de falar da traição para falar sobre a forma de relacionamentos atuais. A empatia está sendo deixada cada vez mais de lado para a busca do alívio imediato, do prazer momentâneo. Novamente me questiono, onde está o significado em um ato deste? Trair virtualmente é ainda pior, pois permite que a pessoa fique isolada e impossibilitada de influências que a possam fazer pensar. E é esta a realidade que estamos vivendo, o estímulo da individualidade sendo o alvo do dia-a-dia. Não se existe o contato físico. As sensações se limitam ao próprio ser humano, por isso a internet de hoje é tão atrativa. Eu posso fomentar os meus próprios pensamentos e sentimentos (sem entender conscientemente que estou sendo influenciado de alguma forma) achando que sou o maior do mundo. E procurando ser reconhecido como tal através da aprovação dos meus “amigos”.
As redes sociais, embora tenham as suas vantagens, funcionam como a ferrugem do relacionamento interpessoal. Ela está corroendo as habilidades da comunicação, da vontade de estar junto e trazendo a fragilidade de poder suportar os defeitos alheios, os quais virtualmente não sou obrigado a agüentar.
Quem não busca a perfeição mesmo que inconscientemente? Nenhuma influência é totalmente real, ela sempre irá conquistar primeiro na fantasia.
É necessário plantar uma idéia para poder colher uma atitude.
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